Publicado na Lucifer (Vol. II, No. 7, março de 1888), este artigo explora o mistério da origem da vida e a controvérsia científica em torno da geração espontânea e da biogênese. Enquanto alguns cientistas afirmavam que a vida poderia surgir de matéria não viva, experimentos mostraram que a vida parece emergir apenas de organismos preexistentes, levando à aceitação do conceito de biogênese. No entanto, Huxley e outros cientistas deixaram aberta a possibilidade de que, em condições primordiais, a vida poderia ter surgido espontaneamente de matéria inorgânica.

O artigo discute a importância do protoplasma, considerado a “base física da vida”, e a dificuldade científica de reproduzir a vida a partir de matéria inorgânica. Embora a ciência moderna ainda não tenha encontrado meios de criar vida artificialmente, muitos acreditam que a geração espontânea pode ter ocorrido em eras passadas. Blavatsky complementa essas ideias com ensinamentos esotéricos, afirmando que a vida é uma força indestrutível e onipresente, que permeia tanto a matéria orgânica quanto a inorgânica, mesmo que em diferentes estados de manifestação – ativa ou latente.

No pensamento ocultista, a distinção entre matéria viva e não viva é vista como uma ilusão. A vida, ou Jiva, é apresentada como uma força que transita de organismo em organismo, nunca se extinguindo, mas mudando de forma e função. O artigo levanta questões profundas sobre a natureza da vida: se ela é uma energia individualizada e diferenciada em seres humanos e animais e se há uma conexão entre o princípio-vida e a alma espiritual.

Blavatsky também aborda o debate entre visões materialistas, vitalistas e ocultistas sobre a vida. Para a ciência esotérica, toda matéria é animada pela anima mundi – a alma universal viva – e não há uma distinção absoluta entre vida e não vida. A vida, segundo essa visão, é uma expressão do “Alento Parabramânico”, que se manifesta em diferentes planos de existência. O texto sugere que a compreensão completa da vida requer um estudo profundo dos princípios ocultos, conforme descrito em tradições antigas, como a filosofia egípcia.

O artigo conclui que, embora a ciência moderna ainda não tenha desvendado todos os mistérios da vida, as doutrinas esotéricas oferecem uma perspectiva abrangente e integrada, sugerindo que vida e matéria são inseparáveis e que a alma física é essencial para a existência de qualquer ser, mesmo que a alma espiritual possa estar ausente em alguns casos.